Por que os casos de autismo aumentaram tanto?
3 de mar. de 2025
Por que os casos de autismo aumentaram tanto?
Nos últimos anos, muito se fala sobre o aumento dos diagnósticos de autismo, e algumas pessoas se perguntam: ‘Por que hoje em dia existem tantas crianças com esse diagnóstico?’. Embora o número de diagnósticos tenha, de fato, aumentado, é importante entender as razões por trás disso. As mudanças no sistema de saúde, avanços nas pesquisas científicas e uma maior conscientização contribuíram para que mais pessoas recebessem o diagnóstico que, antes, não era acessível ou sequer reconhecido.
Há pouquíssimo mais de duas décadas o Brasil teve uma grande conquista chamada Reforma Psiquiátrica em que por meio da lei, passou a melhor orientar acerca dos tratamentos adequados voltados à saúde mental. Somente em 2001 com a instituição da Lei Paulo Delgado, muitas portarias, instituições públicas e emendas com foco em promoção de saúde foram criadas e aos poucos consolidadas.
Antes disso, o Brasil foi marcado por uma sombria história em que os manicômios eram dispositivos onde pessoas portadoras ou não de transtornos mentais eram submetidas. Nesse período, o acesso a tratamento humanizado e de qualidade era escasso, e as crianças com Transtorno do Neurodesenvolvimento como TEA, muitas vezes eram submetidas a regime manicomial, e outras, viviam isoladas de espaços sociais como escola, e, enclausuradas em casa, de tal modo que acabavam vivendo sem diagnóstico e intervenção correta. Essa modificação da instituição de modelo em saúde mental no Brasil e ampliação de acesso à saúde foram elementos fundamentais no aumento dos diagnósticos, que antes eram inacessíveis. Outro fator determinante nesse aumento de casos foi a modificação dos critérios diagnósticos através das atualizações e reformulações do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).
Da metade do século XX até os dias atuais, algumas mudanças foram feitas de tal modo que antes os critérios eram menos abrangentes e o TEA era dividido em subtipos e hoje é dividido apenas em níveis de suporte (1, 2 e 3). Além disso, muitos adultos ao notarem sinais em seus filhos, passaram a também buscar avaliação e tiveram diagnóstico tardio, tendo em vista que quando crianças, o acesso era escasso e hoje podem buscar respostas para aspectos da neurodivergência que durante anos foram invisibilizados. Se você observa que têm prejuízos significativos na interação e comunicação social, padrão rígido de comportamento, falta de maleabilidade em lidar com mudanças, hiper ou hiposensibilidades significativas - ou observa em seu filho - entre em contato conosco e busque a melhor intervenção para o seu caso, nunca é tarde para cuidar de sua saúde mental ou da de quem você ama!
Psicóloga Isadora Régia
CRP: 04/71498